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A Puérpera

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Overview

Minha filha mais nova tem quase 3 anos, o que quer dizer que, tecnicamente e de acordo com todas as definições médicas possíveis, o meu puerpério já acabou há, pelo menos, mais de 2 anos e meio. No entanto, não é assim que me sinto. Não é assim que boa parte das mulheres se sente. Por mais que percam os quilos adicionais da gravidez, que retornem ao trabalho, “às atividades de antes”, há sempre algo que fica a orbitar e, definitivamente, não é como antes. Deveria ser? Sinto e vejo que existe uma grande preparação para o parto, aquele que é O evento, que muda tudo. De fato muda, mas tudo o que vem depois dele é sublimado neste processo. “Ninguém me disse que seria assim” é só das frases que mais ouço, em tom de desabafo cúmplice, desde que iniciei esta jornada. Criam-se enormes expectativas sobre o bebé, com quem parecerá, que gracinhas fará, mas ainda há pouca realidade sobre o resto, sobre o que acontece com a mãe e sobre como essa pode ser um percurso incrivelmente solitário, mesmo quando se está sempre acompanhada. Como doula de pós-parto, o meu trabalho não é “resolver a vida” de uma recém-mãe, fazê-la recuperar a forma mais rápido ou “reajustar-se”. Acima de tudo, é mostrar que ela não está sozinha, que ainda estamos todas em um processo, que o ato de maternar por si só é um processo e muito particular, não há fórmulas e nem prazo.